quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O porquê deste blogue ou FRETE AÉREO: como evitar transtornos!

Olá amigos produtores!

Este é o terceiro blogue que eu crio e o primeiro com uma "utilidade pública", digamos assim. Em comum com os outros ele tem o fato de a primeira publicação ser uma explicação da motivação inicial do blogue.
Não sei se essa é uma prática comum aos blogueiros, nem se é algo importante ou necessário. Mas, para este blogue, em especial, discorrer sobre os motivos de seu nascimento é também cumprir a sua função, então, continuo...

Em meio à produção do projeto "Zona de Guerra - BR de circulação", cujo proponente é a Cia. Triptal através da Cooperativa Paulista de Teatro, um, dentre muitos sufocos, me fez pensar: "será que eu sou a primeira pessoa a fazer isso? claro que não! então porque não me contaram que era assim!"

Este projeto foi contemplado pelo "Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2011/2012" e é uma realização do Governo Federal através da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). O projeto realizou 02 apresentações do espetáculo "Zona de Guerra" (texto de Eugene O'Neill e direção de André Garolli) em 07 cidades de 03 Estados diferentes da Região Norte do Brasil - a saber: Boa Vista e Caracaraí (RR); Itacoatiara e Manaus (AM); Porto Trombetas - Oriximiná, Santarém e Belém (PA).

Apesar do nosso cronograma original prever o encerramento da circulação para o final de 2011, tínhamos todo o ano de 2012 para realizar o projeto, se achássemos conveniente. Não achamos! Não nos pareceu viável manter uma equipe de pelo menos 11 pessoas envolvida em um projeto que comprometeria a agenda de todos por mais de 01 ano. E assim iniciou-se um período insano de pré-produção para que pudéssemos fechar todas as pautas de maneira concatenada, de modo a garantir que todas as apresentações acontecessem no mês de outubro em uma "tacada" só, sem retorno a São Paulo.

Entre março e setembro trabalhei por horas diante do computador e no telefone, em inúmeras ligações interurbanas para as cidades previstas pelo projeto, marcando datas e locais para as apresentações e tentando fechar atividades paralelas que otimizassem a nossa passagem pela Região Norte. Já em agosto contei com a assitência irretocável de Aline Grisa, oferecendo reforços na etapa de contato com prestadores de serviços e fornecedores, e sendo peça fundamental para o sucesso do projeto, (e aqui cabe uma dica: não trabalhe sozinho! Produção precisa de equipe, em especial quando se trata de um projeto grande! E saliento: em se tratando de projeto que prevê viagens a locais desconhecidos, a equipe deve contar com um produtor local e com um produtor executivo viajando junto com a equipe!)

A equipe viajou no dia 28 de Setembro de 2011 e retornará a São Paulo amanhã, dia 04 de Novembro de 2011, tendo cumprido todas as contrapartidas previstas pelo projeto com êxito absoluto! (para obter mais informações sobre o projeto, consulte o blogue da Triptal: http://www.triptal.wordpress.com/).

Já a produção eu não considero totalmente vitoriosa... muitos foram os problemas existentes. Claro que em um projeto como este temos sempre que contar com obstáculos e estarmos prontos para superá-los. Por isso, não aconselho aos produtores iniciantes que se disponham a realizar projetos de grande porte sem muito, muito, muito tempo extra para lidar com imprevistos. Mas o que quero deixar registrado, para dar início a este veículo de "utilidade pública", é que muitos dos problemas ocorridos poderiam ter sido evitados se eu tivesse acesso a um blogue como este (nos moldes que eu o imagino para um futuro breve), em que o produtor iniciante pudesse ter acesso a contatos nas cidades por onde passará, forncedores de confiança, relatos de outros produtores, dicas importantes, etc, etc, etc.

E essa minha, podemos dizer, indignação, fica ainda maior quando lembro que o proponente do projeto em questão é a Cooperativa Paulista de Teatro, que certamente já realizou inúmeros projetos análogos a este e que poderia oferecer a seus sócios o caminho das pedras. Redescobrir a roda para fazer a carroça torna a viagem árdua demais, além, é claro, de manter todos os viajantes sempre na condição de amadores. Se nos fortalecemos com o erro do colega, podemos cometer erros mais complexos na nossa jornada, e assim sucessivamente, de modo a nos erguermos, todos juntos, a um patamar de profissionais!

A gota d'água dos imprevistos, que me fez desejar este blogue, foi descobrir, já no meio da viagem, que, ao contrário do que me haviam informado em todos os contatos com a Gollog (que fez o frete do nosso cenário), podíamos faturar o pagamento do frete e não apenas pagar em dinheiro, cartão de débito ou de crédito, como dito em todos os contatos com a empresa. Claro que é fundamental dizer que só descobrimos a possibilidade de abrirmos uma conta com a Gollog, através de um contrato entre as duas empresas (Cooperativa e Gollog), depois de sermos assaltados após tirar R$ 5.000,00 na boca do caixa para pagamento em dinheiro (já que o limite diário do cartão de débito é de R$ 2.000,00 e não podíamos usar mais de um cartão de débito para o pagamento de um único frete; e não havia ninguém da equipe que tinha um cartão de crédito com limite suficiente para cobrir o valor da carga).

É importante dizer que, quando tivemos acesso a essa informação, tentamos agilizar todos os trâmites para a abertura da conta, de modo a garantir o faturamento dos fretes das viagens restantes, porém, a burocracia não permitiu que fizéssemos um único pagamento através da Cooperativa. Todos os pagamentos foram feitos em dinheiro ou, quando o valor permitia, cartão de débito pessoal do remetente da carga. Os conhecimentos aéreos estão em nome da Cooperativa (com exceção do que foi emitido em Santarém, pois, segundo a regra do terminal de cargas local, não seria possível fazer o conhecimento em nome de um remetente que estivesse fora do Estado em questão já que a carga seria despachada para um município do mesmo Estado... qual é a lógica??? Não tenho ideia!), mas o pagamento não foi feito pela empresa. Será que o MinC vai compreender as nossas razões!? Assim esperamos!

Ainda que já tenhamos realizado o último despacho de carga, de Belém para São Paulo, damos continuidade aos trâmites de abertura da conta da Cooperativa com a Gollog. Sendo assim, amigo produtor, se você está fazendo um projeto que prevê frete aéreo e cujo proponente é a Cooperativa Paulista de Teatro, saiba que você poderá faturar o pagamento do seu frete se for optar pela Gollog. Não deixe de orçar, porém, o valor oferecido pela TAM e, se optar por esta segunda empresa, insista em cadastrar a Cooperativa de modo a viabilizar faturamento para você e todos os demais projetos da mesma!

OUTRAS DICAS PARA FRETE AÉREO:

- Se o cenário puder viajar junto com a equipe você poderá fazer uma "reserva de banda", que torna o despacho de cargas bastante simplificado, pois o espaço na aeronave para o seu cenário já fica reservado naquele vôo (como se a equipe fosse uma banda e o cenário equipamentos e instrumentos musicais! - bandas viajam mais que peças de teatro!). DICA: certifique-se sobre as medidas máximas para cada volume antes de fazer as embalagens do seu cenário para não correr o risco de algum volume não passar na porta da aeronave!

- Apesar de a orientação da Gollog ser para comparecer ao terminal de cargas com 03 horas de antecedência do horário do vôo para o despacho da carga, compareça o quanto antes (até dias antes), de modo a ter tempo hábil para resolver imprevistos;

- Apesar de a orientação da funcionária da Gollog, que fez a reserva de espaço nas aeronaves em todos os terminais de cargas por onde passamos, ter sido de que quando há reserva os terminais funcionam 24hs (mesmo que a informação nos sites oficiais seja de que há horário restrito de funcionamento), e se quando chegássemos estivessem fechados era "só bater" que seríamos atendidos, isso não aconteceu, sendo que, em Manaus, um dos membros da nossa equipe perdeu o vôo (que saía às 5h), pois teve que esperar a abertura do terminal de cargas, às 8h da manhã, para despachar o cenário. Portanto, tente fazer o despacho da carga sempre em horário comercial, e se for impossível, certifique-se direto no terminal de cargas que naquele horário serão efetuados todos os trâmites necessários para o despacho da carga!

- Aliás, a Gollog tem uma franquia diferente em cada cidade, então não adianta reclamar sobre um problema ocorrido em Congonhas quando você chegar em Belém, um vai jogar pro outro e o seu problema não será resolvido. Dica: se antecipe aos problemas e não os deixe acontecer!

- Por falar em Manaus, saiba que este aeroporto é "alfandegário" e que as regras nele são diferentes e beeem rígidas. Tudo passa pela Polícia Federal, então "não tem choro nem vela", se for passar por Manaus, faça tudo o mais certinho possível e despache a carga o quanto antes, para ter tempo para lidar com imprevistos!

- Por fim, tenha sempre em mãos, no momento do despacho, uma declaração em papel timbrado da empresa e assinada pelo responsável legal, contendo uma relação detalhada de todos os itens que serão despachados. Só precisamos disso em Manaus, mas precisamos MUITO disso em Manaus!!!!


Finalizo aqui!

Quer acrescentar relatos de experiências relativas à frete aéreo, dicas preciosas, perguntas, lamentações, desabafos, correções, críticas, etc, etc, etc! Fique à vontade! Colabore!

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